Creche / J.I. Morangos Monte dos Burgos



Projecto Pedagógico 2011/2012

 

 

AMIZADE

 

Perguntei a um sábio
a diferença que havia
entre amor e amizade
ele me disse essa verdade

O Amor é mais sensível
a Amizade mais segura

O Amor nos dá asas
a Amizade o chão

No Amor há mais carinho
na Amizade compreensão

O Amor é plantado
e com carinho cultivado

A Amizade vem faceira
e com troca de alegria e tristeza
torna-se uma grande e querida
companheira

Mas quando o Amor é sincero
ele vem com um grande amigo
e quando a Amizade é concreta
ela é cheia de amor e carinho

Quando se tem um amigo
ou uma grande paixão
ambos sentimentos coexistem
dentro do seu coração

 

 

William Shakespeare 

 


 ÍNDICE

 

Introdução

 

Capítulo I

 

1 – Apresentação Temática

         1.1 – Uma forma de sociabilidade no espaço público

         1.2 – A visão comum da temática da Amizade

         1.3 – Celebrar a Amizade

 

 Capítulo II

 

2 – Objectivos Desenvolvimentais para cada Valência

 

2. 1 - A Creche

 

2.1.1 - Objectivos Gerais

 

2.1.2 - O Desenvolvimento do Bebé dos 4 aos 9 meses

2.1.3 - O Desenvolvimento do bebé dos 9 aos 24 meses

2.1.4 -  O Desenvolvimento do Bebé dos 24 aos 36 meses

2.1.5 -  Hábitos de Higiene e Alimentação (Rotinas)

2.1.5.1 Controlo dos esfíncteres

2.1.5.2 A Alimentação

 

2.2 - O Jardim-de-Infância

 

2.2.1 - Objectivos Gerais para os 3 anos 

2.2.1.1 - Identidade e Autonomia Pessoal

2.2.1.2 - Descoberta do Meio Físico e Social

2.2.1.3 - Comunicação e Expressão

 

2.2.2 - Objectivos Gerais para os 4 anos

2.2.2.1 - Identidade e Autonomia Pessoal

2.2.2.2 - Descoberta do Meio Físico e Social

2.2.2.3 - Comunicação e Expressão

 

2.2.3. -  Objectivos Gerais para os 5 anos

2.2.3.1 - Identidade e Autonomia Pessoal

2.2.3.2 - Descoberta do Meio Físico e Social

2.2.3.3 - Comunicação e Expressão

 

Capítulo III

 

3 – Metodologia e Estratégias

3.1 - Metodologia de Abordagem de Projecto

 

Capítulo IV

 

4 – Plano Anual de Actividades

 

Capítulo V

 

5 – Recursos Materiais

5.1 - De Utilização

5.2 – De Desgaste

 

Capítulo VI

 

6 - Avaliação / Reformulação da Acção

 


Introdução

 

 

O Projecto Pedagógico apresenta-se simultaneamente como um documento basilar da instituição e um instrumento de planificação técnicoprofissional a partir do qual as equipas docentes tomam decisões quanto ao quê, quando, como trabalhar e avaliar tendo como referência o currículo estabelecido – o Projecto Educativo Morangos® – a realidade do meio e as características, necessidades e interesses dos grupos de crianças.

 

Para a prossecução dos objectivos propostos neste documento será absolutamente necessário realizar um trabalho de equipa com o objectivo de atingir determinados compromissos no que diz respeito às decisões e rumos que se devem tomar em relação aos aspectos já mencionados. Esta equipa encontra-se perante um currículo aberto e flexível que vai permitir ao corpo docente desenvolver um modelo formativo para cada área que seja mais adequada às características, necessidades e interesses de cada grupo de crianças, aos ideais da própria instituição e do Grupo Morangos®.

 

Este documento valorizará assim a compreensão de cada etapa no trabalho de projecto, indo ao encontro das necessidades de diversificação e autonomia da equipa docente na orientação das fases do ensino-aprendizagem e a sua avaliação.

 

As orientações Curriculares para a Educação Pré-escolar definem, na Área de Conhecimento do Mundo, como desejável que a criança saiba “situar-se socialmente numa família e outros grupos sociais” – o trabalho do conceito de “Amizade” com o grupo de crianças, mostra-se, assim fundamental para a aquisição de conhecimentos e adopção de estratégias, utilização de técnicas e ferramentas que permitam à criança identificar-se, movimentar-se e comunicar com saber e desenvoltura no seio da sociedade actual. Paralelamente, e porque falamos de saberes interdisciplinares, a Área de Formação Pessoal e social, considerada uma área transversal na educação dado que todas as componentes curriculares deverão contribuir para promover nos alunos atitudes e valores que lhes permitam tornarem-se cidadãos conscientes e solidários, define como objectivos que a criança vá tomando consciência de si e dos outros e que será na inter-relação com os outros que a criança “vive” atitudes e valores de auto-estima, consideração e de aceitação da diferença. O desenvolvimento da identidade da criança passará pelo reconhecimento das características individuais e pela compreensão das capacidades e limitações de cada um. O respeito pela diferença, que valoriza a diversidade de contributos individuais para o enriquecimento do grupo, favorece a construção da identidade, da auto-estima e do sentimento de pertencer a um grupo, facilitando também o desenvolvimento colectivo. Reconhecer os laços de pertença social e cultural, nomeadamente os laços familiares, respeitando outras culturas faz também parte do desenvolvimento da identidade e será essa a tarefa aqui proposta para o biénio lectivo 2010/2011.

 

Em última instância, como nos diz Almeida (2000), o conhecimento aprofundado das famílias com as quais a instituição se relaciona torna-se fundamental pois “A família é (…) um desses lugares de mudança a várias dimensões. A familiarização da criança não deve ser encarada como um traço óbvio ou natural da sua identidade, mas antes (…) como o produto de um processo histórico e de uma visão ideológica do seu lugar social, a família pode servir como janela onde se espreitam transformações estratégicas no campo da Infância”.

 

 

Capítulo I

 

 

1 – Apresentação Temática

 

A palavra Amizade do latim amicitas, tem como significado “Afeição recíproca entre dois entes” ou “Boas relações”.

 

A palavra Amigo adjectiva alguém que se define como aquele que “sente amizade por”; “que está em boas relações com outrem” ou a “pessoa à qual se está ligado por uma afeição recíproca” (…).

 

A Amizade tem como sinónimos na língua portuguesa a afeição, o bem-querer, a benquerença, a dilecção, a estima e a dedicação.

 

Todas aquelas acções são intrínsecas ao ser humano e interiorizadas nos contextos sociais desde idades muito tenras pelas crianças. Pressupõem ainda a apreensão de comportamentos próprios, tão distintos quanto diferentes os círculos sociais.

 

1.1 – Uma forma de sociabilidade no espaço público

 

O objectivo último de lançar esta temática bianual aos profissionais da rede Morangos está em aprofundar o conhecimento das relações no contexto social Unidade Morangos, potenciando aprendizagens significativas para o desenvolvimento pessoal e social.

 

Colocando no centro da discussão o vazio de compromisso no espaço público que presenciamos nos nossos tempos, assim como o vazio de compromisso com o outro, pode fazer-se a aproximação aos estágios de desenvolvimento moral de Kohlberg (1983), através de actividades intencionalmente apresentadas aos grupos de crianças, de acordo com as suas idades.

 

A questão central será a possibilidade ou evidência da Amizade no espaço público, de onde poderão emergir outras interrogações:

 

 - Como podemos pensar no conceito de amizade relacionado com o conceito de espaço público?

- Quais são as figuras da amizade que permeiam o tempo em que vivemos?

- Como se reinventam as relações connosco e com nossos pares?

- Existirá ainda a possibilidade de fazer amigos na contemporaneidade?

- A amizade tem alguma relação com a educação, com a verdade, com a intimidade?

 

A ideia de lançar a temática da amizade nas Unidades Morangos sugere pensar e problematizar a respeito das formas de sociabilidade configuradas no espaço público, nomeadamente nas valências de Academia, Jardim-de-Infância e Creches do Grupo Morangos.

 

O alcance colectivo da amizade, voltada para o exercício da sociabilidade, é compreendido como espaço de expressão de sentimentos, de descoberta de afectos e identidades.

 

1.2 – A visão comum da temática da Amizade

 

Diz-se que a Amizade é “o mais belo e precioso relacionamento”. A Amizade é “como uma planta que cresce com o tempo”, ou seja, com a passagem do tempo torna-se maior, mais forte e mais consistente.

 

Os seres humanos fazem amigos onde quer que vão.

 

Durante a infância, os primeiros amigos fazem-se na escola. Brincam juntos no intervalo, partilham os seus apontamentos e livros com outros amigos e cuidam assim uns dos outros.

 

Nas universidades fazem-se amigos e partilham-se sentimentos mutuamente. Falam, estudam em conjunto, jogam jogos e fazem jantares. É por isso que eles gostam da companhia uns dos outros.

 

Mais tarde, quando se juntam num escritório e fazem um trabalho, as ambições são mais altas. Fazem o trabalho com todo o coração e esforçam-se, mas não é possível trabalhar a todo e cada momento do dia, portanto, nos escritórios o ambiente também é amigável. Preocupam-se uns com os outros, trabalham juntos, falam no tempo livre e aproveitam a hora do almoço juntos.

 

No nosso país ainda existe uma tendência para fazer amigos entre os vizinhos. Cuidam uns dos outros sempre que alguém precisa, trocam comida caseira uns com os outros, visitam-se e falam no tempo de lazer.

 

As pessoas fazem amigos durante toda a vida. Necessitam de amigos em todos os períodos das suas vidas. Cada amigo é precioso. Diz-se que “a Amizade é melhor que a prata ou o ouro” pois a prata ou o ouro podem desaparecer, mas a Amizade nunca se degradará.

 

A infância é talvez o período da vida de que se pode desfrutar ao máximo da amizade e dos amigos. É também neste período da nossa existência que mais ouvimos falar da amizade e da importância dos amigos. As clássicas histórias sobre belas amizades e o valor dos amigos são bastante conhecidas: O Principezinho de Antoine de Saint-Exupéry, um clássico que o autor dedica ao seu melhor amigo, é um desses exemplos.

 

Existem ainda frases sobre a Amizade que ficaram célebres pelos autores que as proferiram e que tentam definir a Amizade:

 

Dos amores humanos, o menos egoísta, o mais puro e desinteressado é o amor da amizade (Cícero)

 

A amizade é uma alma com dois corpos  (Aristóteles)

 

A amizade é o amor sem asas (George Byron)

 

A ave constrói o ninho; a aranha, a teia; o homem, a amizade (William  Blake)

 

Como as plantas a amizade não deve ser muito nem pouco regada (Carlos Drummond de Andrade)

 

A única forma de ter um amigo é ser amigo (Ralph Waldo Emerson)

 

Quem é um amigo? 'Um outro eu' (Zenão)

 

A única amizade verdadeira é a que nasceu sem razão (Arthur Schendel)

 

1.3 – Celebrar a Amizade

 

Neste projecto bianual, sugerimos que o Dia Internacional da Amizade – celebrado a 20 de Julho, seja especialmente tratado.

 

O Dia do Amigo foi adoptado em Buenos Aires, na Argentina, com o Decreto nº 235/79, sendo que foi gradualmente adoptado em outras partes do mundo. Esta data foi criada pelo argentino Enrique Ernesto Febbraro. Ele inspirou-se na chegada do homem à lua em 20 de Julho de 1969 e considerou esta conquista não somente uma vitória científica, como também uma oportunidade de se fazer amigos noutras partes do universo. Assim, durante um ano o argentino divulgou o lema:

 

"Meu amigo é meu mestre, meu discípulo é meu companheiro"


Aos poucos a data foi sendo adoptada noutros países e hoje, em quase todo o mundo, o dia 20 de Julho é o Dia do Amigo, quando as pessoas trocam presentes, se abraçam e declaram a amizade umas pelas outras.

 

A par desta celebração, sugere-se a exploração intensiva do Livro II do Morangui® “À Pesca de Histórias na Terra dos Morangos®” que inclui uma ficha com sugestões de actividades para os educadores, complementada com as canções do CD II “Vamos Brincar com o Morangui® – A Amizade”

 

“Morangui® é o AMIGO que cresce com as crianças”! Neste Livro II e CD II dedicado à temática da Amizade, o Morangui® desfruta de mais uma aventura com os seus Amigos: Guga, Morangotango, Tangui, Conchita, Morangueixe …

 

Na primeira música do CD II do Morangui® pode ouvir-se a música dedicada à Amizade:

 

“A amizade é um valor

Que não tem forma nem expressão

É um sinal de alegria

Que vem lá do coração

Não se compra nem se vende

Nem sequer sai na lotaria

Dar e recebê-la traz sempre muita alegria

 

Se quiseres ser meu amigo

Basta dares-me a tua mão

Ouvirei os teus conselhos

Com muita atenção

Um amigo para a vida

Um amigo a valer

É o bem mais precioso

Que alguém pode ter

 

A amizade é mesmo assim

Não se pode descrever

Mas é certo que é preciso

Um amigo para a ter

Ser amigo é ter alguém

Em quem podemos confiar

Alguém que está sempre

Pronto para ajudar”

 

  

Capítulo II

 

 

2 – Objectivos Desenvolvimentais para cada Valência

 

2. 1 - A Creche

 

2.1.1 - Objectivos Gerais

 

A creche é organizada em espaços e edifícios próprios, de forma a motivar o desenvolvimento da criança e não ser um mero depósito de crianças. A Creche tem o dever de:

 

- Estimular o desenvolvimento físico, a coordenação motora, o desenvolvimento sensorial e cognitivo, a função simbólica e a linguagem;

 

- Fornecer o início dos hábitos de higiene e do relacionamento com os outros;

 

- Respeitar o desenvolvimento integral e harmonioso de cada criança tendo em conta a colaboração e o contacto com a família;

 

- Promover a inter-relação família/criança/creche;

 

- Promover o contacto com as outras crianças num ambiente próprio que permita o desenvolvimento harmonioso das personalidades. As trocas entre elas vão permitir que o horizonte psicológico se alargue;

 

A frequência do espaço da Creche será a preparação social para a escola elementar, tendo em atenção o respeito pelos ritmos de cada criança. A organização das actividades integra componentes diferenciadoras. O grande objectivo do trabalho é desenvolver na criança a confiança básica, confiança em si própria e nos adultos que a rodeiam.

 

As rotinas são flexíveis e individualizadas. Os tempos de cuidados envolvem alimentação, higiene e sono e emergem como momentos privilegiados de relação e afecto, momentos de troca de atenção e aprendizagem em que a independência e autonomia se exercitam. Os bebés necessitam de tempo para explorar livremente, o tempo necessário sem horários rígidos, que permitam um investimento prolongado. O dia a dia da creche é planeado sem rigidez, promovendo experiências de aprendizagem que se inserem nos acontecimentos espontâneos do quotidiano feliz e sem pressas.

 

O contexto da creche pretende-se agradável e estimulante e é estruturado de acordo com três níveis:

 

- segurança e saúde, onde se pretendem satisfazer as necessidades físicas prevenindo doenças;

 

- funcionalidade, onde o espaço é adequado a diferentes objectivos funcionais;

 

- conforto psicológico e satisfação estética, em que o ambiente se faz face às necessidades de privacidade, estimulação sensorial, sentido de pertença, envolvimento  e apelos estéticos.

 

Tendo em conta a importância de um clima relacional rico afectivamente onde tudo é organizado de forma a partilhar, para que cada criança e família se sintam bem desde o primeiro encontro.

 

É necessário que a criança aprenda a utilizar os meios de comunicação de que dispõe, não só para receber informação como também para se exprimir. Os jogos são o veículo para melhorar as capacidades de recepção de informação da criança e uma das melhores formas de comunicar.

 

Os educadores têm consciência do papel essencial da sociabilidade no evoluir do indivíduo e sabem também que é no pré-escolar que este deve ser desenvolvido. Através da participação e empenho de todo o pessoal em exercício, será proporcionado o crescimento físico, psicológico, afectivo e social nas diferentes fases do desenvolvimento da criança, proporcionando-lhe a calma, segurança e felicidade necessárias ao seu bem-estar na ausência da família.

 

É necessário obter a cooperação da criança na sua própria educação, mesmo ao nível espontâneo, através da expressão, da criação, atendendo a todas as suas linguagens (Malaguzzi, 1994).

 

2.1.2 - O Desenvolvimento do Bebé dos 4 aos 9 meses

 

No quarto mês o bebé começa a apalpar os objectos, aproximando-se do objecto que quer pegar. Esconde o rosto nos lençóis, ri alto, volta a cabeça para olhar uma pessoa que o chama; começa então a orientar-se no espaço.

 

Segundo Gesell, na idade dos quatro meses o sistema neuromotor está tão desenvolvido que o bebé não se contenta já em estar sempre de costas. Gosta que o segurem durante períodos curtos, numa posição sentada, de maneira a poder encarar o mundo de frente. Nessa posição, pode levantar a cabeça. É essa a primeira componente da postura erecta que, daqui por mais um ano, o habilitará a andar sozinho. O comando da cabeça e dos olhos surge primeiro do que o comando dos pés. O bebé de quatro meses conseguiu um domínio considerável sobre os seus pares de músculos que lhe permitem mover os olhos nas órbitas em todas as direcções. Fixa os olhos sobre a sua própria mão, desvia-os para um objecto próximo, persegue com o olhar um brinquedo pendurado que baloiça num arco de 180 graus. Os olhos estão a tornar-se ágeis. O seu comportamento social, pessoal e interpessoal expandiu-se largamente. Palreia de contentamento, ri baixinho ou alto. Antes apenas sorria a estímulos gástricos, agora imita um sorriso social. As mãos já não estão predominantemente fechadas, vão-se abrindo e em breve serão capazes de agarrar. A criança de quatro meses está em regra bem ajustada ao mundo das coisas e ao mundo das pessoas. Isso acontece, em parte, por ela colher uma satisfação tão grande do livre uso que faz dos seus olhos.

 

Segundo Piaget, é durante o terceiro estádio que nós observamos o começo do que podemos chamar de intenção. O bebé parece começar a fazer coisas com um propósito. O bebé de quatro meses irá tentar repetir e aos poucos aprenderá como controlar os movimentos dos seus braços, o suficiente para fazer com que, por exemplo um mobile se movimente. O pensamento não está, aparentemente, presente no bebé pequeno, mas nós podemos começar a percebê-lo de uma forma bem rudimentar por volta dos quatro meses.

 

No quinto mês a criança colhe um objecto ao alcance de suas mãos e manipula-o, conservando-se também sentada com apoio. A mudança para o estádio de sentar-se e o desenvolvimento da apreensão mudam, evidentemente, a “visão do mundo”. A criança pode daí em diante ver o conjunto do corpo do outro e chegar à exploração espacial.

 

No sexto mês a criança utiliza os objectos e sobretudo o seu corpo. Vai passar à alimentação sólida e a comer com colher. Cerca dos seis meses o bebé não reconhece ainda um brinquedo familiar numa perspectiva pouco habitual, mas a multiplicidade dos exercícios de preensão aos quais se entrega no decurso do segundo semestre de vida leva-o, pelo fim do primeiro ano, a manter a constância da forma e das dimensões dos objectos vistos a distâncias e sob ângulos diferentes. Sabe sentar-se na sua cadeira.

 

Aos seis meses o bebé imita, repete eventos produzidos acidentalmente e está iniciando o desenvolvimento do conceito de objecto – uma das pedras fundamentais do desenvolvimento cognitivo. Nas relações interpessoais a criança mostra, originalmente, ligações afectivas difusas, mas no final deste estágio ela começa a mostrar uma forte ligação afectiva individual. Algumas das mudanças observadas durante este período de seis meses têm uma base maturativa: o cérebro está a crescer, o sistema nervoso está-se a desenvolver, a criança está a ganhar um controle muscular cada vez maior de partes do seu corpo e os ossos estão a enriquecer. O conceito de objecto não parece desenvolver-se automaticamente pois as explorações e interacções com objectos e pessoas são necessárias para que este conceito fundamental seja adquirido. E o conceito de objecto, por seu turno, é necessário para que a criança desenvolva a ligação afectiva singular básica. O bebé não se pode tornar ligado a uma única pessoa ou objecto sem que ela tenha compreendido, num certo nível, que há objectos singulares que permanecem os mesmos de uma visão para a seguinte e que estes têm uma existência contínua. Assim, todas as mudanças desenvolvimentais que nós podemos observar durante os primeiros meses de vida estão conectadas de uma forma complexa. O término dos seis meses parece ser um período muito importante sob diversos aspectos. Várias mudanças interessantes têm lugar por volta desta época, o que sugere que tenham ocorrido algumas mudanças fundamentais. Nos seis primeiros meses ocorre o desaparecimento da hipertonia dos membros, com o surgimento da tonicidade axial (da qual é testemunho o porte da cabeça aos três meses, e o sentar-se aos seis). Ocorre ainda o aparecimento da motricidade lateral dos membros superiores, a atenuação do reflexo de Moro, em proveito dos reflexos tónicos de orientação e o aparecimento do grasping (pressão global dos dedos flectidos sobre a palma, sem oposição do punho), após a preensão e a coordenação da visão e dos movimentos das mãos no espaço bucal.

 

No sétimo mês o bebé pode levantar-se sem ajuda, tenta gatinhar e pode dar a volta inteira partindo da posição de barriga para baixo. Segundo Gesell, à necessidade de ver segue-se a de mexer ou as duas combinam-se, pois o bebé de sete meses está decidido a manusear tudo aquilo a que pode deitar os olhos e as mãos. Quer esteja deitado de costas ou sentado na sua cadeira alta, precisa de ter qualquer coisa para manejar e levar à boca. Gosta de estar sentado porque está a adquirir o domínio dos músculos do tronco – mais um passo significativo para conseguir chegar à posição de pé. A criança absorve-se de tal modo na sua própria actividade que consegue entreter-se sozinho durante longos períodos de tempo. Mas também pode sorrir para os espectadores e mostra-se geralmente simpático tanto para os familiares como para os estranhos. Apresenta assim, um misto atraente de circunspecção e sociabilidade. Alterna facilmente entre uma actividade dirigida sobre si mesmo e uma actividade socialmente orientada. Nesta idade as aptidões da criança estão bem equilibradas. Os seus esquemas e tendências de comportamento estão perfeitamente ajustados. A sua constituição harmoniosa quase não deixa lugar a preocupações aos que cuidam dele. No entanto é um período de equilíbrio de desenvolvimento de curta duração, pois o bebé de sete meses tem de enfrentar numerosos problemas de postura, locomoção, manipulação e comportamento pessoal antes de atingir a idade de quarenta semanas.

 

No oitavo mês o bebé procura um objecto caído, brinca às escondidas e atira os objectos. Simboliza a presença e a ausência, a aceitação e a rejeição, já que a criança estabeleceu a permanência do objecto (e de si mesma), atingindo-se aqui uma fase importante. Ela coincide com o aparecimento, nesta idade, da crise de angústia distónica que o assalta quando a mãe não está perto, ou quando se apresenta em lugar do rosto materno esperado um rosto estranho que não a satisfaz. A psicanálise genética (Spitz) vê nesta angústia do oitavo mês a prova de que se instaurou uma relação de objecto estável, isto é, uma relação com um objecto de amor, não somente investido, mas percebido e reconhecido. A presença da mãe é agora desejada mesmo fora dos momentos de necessidade. A sua presença não é a de “alguém” – como no terceiro mês – mas personalizada e identificada. A angústia do estranho aparece como o segundo ponto de estruturação da relação, depois da resposta do sorriso que funciona como o primeiro “organizador”. É durante esta fase que se elaboram posições psicológicas importantes, cujos dois extremos serão a confiança na presença tranquilizadora e o medo da intrusão “perseguidora”. É sensivelmente neste momento que se observa o primeiro reconhecimento no espelho.

 

No nono mês o bebé já se mantém de pé com apoio e agarra os objectos escondidos à sua frente, servindo-se de intermediários. O bebé diz a sua primeira palavra de duas sílabas. Aqui ainda não há uma alteração da visão do mundo, houve sim instituição da memória, da percepção do afastamento, do fora de alcance. Então a primeira palavra serve para dar nome a tudo.

 

2.1.3 - O Desenvolvimento do bebé dos 9 aos 24 meses

 

No décimo mês o bebé já se põe em pé sozinha, bebe de um copo, repete um som ouvido e interrompe um acto ao ouvir uma ordem. Agora vai aprendendo a falar, ao passo que já se instruíram as noções de defesa e de proibição.

 

Segundo Gesell, os horizontes alargam-se a cada passo na maturidade motora. O bebé de dez meses já é capaz de gatinhar e isso alarga grandemente o campo das suas iniciativas e das suas experiências. Mas dum modo bem significativo tende a manter a cabeça direita e a olhar em frente quando gatinha. Revela um interesse pelas superfícies verticais, às quais se apoia para se pôr de pé, pois o objectivo do seu desenvolvimento é a postura erecta. Vai-se aproximando desse objectivo, num controlo motor grosseiro dos grandes músculos. Senta-se sozinho sem dificuldade e apoiado pode pôr-se de pé. Agora a criança sabe avaliar melhor as suas possibilidades, pois entretanto organizaram-se incontáveis milhões de conexões delicadas na sua rede de fibrilas musculares e nervosas. A natureza está a aperfeiçoar-lhe de modo especial a sensibilidade das pontas dos dedos e ele sente uma propensão irreprimível para investigar, apalpar e “furar” os seus objectos com a ponta do dedo indicador espetado. Distingue com maior nitidez os familiares dos estranhos. Imita gestos, expressões fisionómicas e sons. Obedece a um “não”; repete “Dá, Dá”. Agora bate palminhas para delícia de toda a gente, isso é não tanto devido ao ensino dos mais velhos, como do seu próprio desenvolvimento.

 

Segundo Piaget, ocorre algo novo e importante aos dez meses: o bebé compreende como usar estratégias antigas e familiares numa situação nova. De acordo com Piaget, há uma clara intenção por parte do bebé para resolver algum tipo de problema e ele inventa uma estratégia para trabalhar. De início ele não faz mais do que responder a algo que aconteceu acidentalmente, mas depois o bebé faz acontecer.

 

Aos doze meses o bebé anda com a ajuda e diz já três palavras. Como nos diz Gesell, aos doze meses a terra deu já uma volta completa à roda do Sol depois que o bebé nasceu. Agora o bebé é capaz de meter um cubo dentro de uma chávena e tirá-lo de lá. Do ponto de vista da orientação e educação, carece de ser apreciado em função do nível de maturidade das suas capacidades. Em geral, na idade de um ano é capaz de se deslocar sozinho para a direita e para a esquerda, à roda do seu parque, mas para andar precisa duma mão a que se apoie e que o guie. As capacidades motoras dos grandes músculos apresentam menor número de diferenças individuais do que o comportamento motor delicado e adaptativo. Demonstra uma crescente perceptibilidade de relações, liga uma coisa com outra, segura num cubo e põem-no em contacto com outro cubo. Também em situações sociais a criança de um ano começa a relacionar-se. Gosta de ter um auditório, repete as habilidades que provocam riso, diverte-se com toda a espécie de brincadeiras familiares que impliquem comunicação de uns para os outros. Esta reciprocidade social assenta na crescente perceptibilidade emocional que a habilita a ler com mais exactidão as emoções alheias.

 

Freud diz que até aqui a criança se encontra no estádio oral. O primeiro contacto do bebé com o mundo é através da sua boca e ele tem uma grande sensibilidade nesta. Freud enfatizou que a região oral – a boca, língua e lábios – torna-se o centro de prazer para o bebé. A sua primeira ligação afectiva é com quem lhe forneça prazer oral, geralmente a sua mãe. Freud não assume que o bebé tenha um conceito de mãe neste estágio inicial, ou mesmo que tenha reconhecido que a sua mãe seja uma entidade separada da dele. Mas há alguma ligação afectiva primitiva a ela, quem traz coisas agradáveis à boca.

 

Henri Wallon constrói o seu modelo de análise a pensar directa e concretamente no desenvolvimento humano. É no conceito de emoção que assenta o seu modelo, que é lugar de convergência do corpo e do espírito, do biológico, do psíquico e do meio envolvente. Esta orientação dá ao modelo de Wallon uma abertura que abrange todo ser humano em toda a sua complexidade, de modo muito flexível. Fica assente a noção de estádio numa ordem definida mas flexível, constituindo-se quantitativa e qualitativamente a partir da predominância de um determinado tipo de comportamento. A criança até um ano de idade encontra-se no estádio impulsivo e emocional, com determinadas características: estádio impulsivo de puros reflexos, preponderância de expressões e de comportamentos afectivos que constituem o modo dominante do relacionamento da criança com a mãe e o meio familiar.

 

Dos seis aos doze meses o bebé começa a criar a sua actividade instrumental e a individualização corporal permite começar a prever as impressões ligadas aos gestos. As relações sistemáticas formam-se então. No entanto, a presença e a percepção de outrem é necessária para o reconhecimento dos órgãos. A criança trata dos seus próprios órgãos, de início, como estranhos ou como se vivessem com uma personalidade própria, anexa ou justaposta. O reconhecimento (e a atribuição a si, no espaço simbólico representado) da imagem do próprio corpo no espelho é um momento importante do processo de diferenciação subjectiva e de objectivação. É por volta do um ano que a imagem especular é reconhecida como reflexo de si.

 

Aos 24 meses a mielinização do sistema nervoso está virtualmente completa e os ossos enriqueceram-se. A linguagem começa a desempenhar um papel importante, aparecendo as palavras por volta dos dois anos, contendo sentenças simples de duas palavras.

 

Segundo Piaget a idade de dois anos, aproximadamente, é um ponto de mudança numa série de aspectos. É por volta desta idade que a criança se torna capaz de manipular e combinar as suas representações internas rudimentares que por sua vez, são precursoras de um enorme crescimento cognitivo posterior. A linguagem também avança nesta época, talvez porque a criança tenha descoberto que as palavras podem ser usadas para representar as coisas, talvez porque o desenvolvimento neurológico tenha alcançado o ponto no qual a criança pode compreender os aspectos mais complexos da gramática. Aos dois anos há também uma mudança no relacionamento interpessoal e a criança começa a voltar-se mais para os companheiros da mesma idade e menos aos adultos.

 

Segundo Gesell, aos dois anos a criança está a sair da primeira infância. Desde os 18 meses cresceu cinco centímetros, aumentou quilo e meio e tem quatro dentes a mais. É capaz de correr sem cair, de virar uma a uma as páginas de um livro, de vestir uma peça de roupa, segurar uma colher e levá-la à boca sem entornar, construir uma frase de duas palavras e uma oração de três e é mesmo capaz de controlar a sua necessidade de ir ao pote. Há, porém, que fazer concessões à imaturidade do seu desenvolvimento. É quase ainda um bebé. O seu andar ainda não é perfeitamente seguro. Corre a direito sem qualquer experiência, mas não sabe desacelerar a corrida, nem dar curvas apertadas. Tende a exprimir com energia as suas emoções, dançando, aplaudindo, batendo com os pés ou rir sem motivo. A coordenação motora delicada da criança de dois anos é claramente limitada por certas imaturidades selectivas do seu sistema nervoso. É capaz de construir uma torre de cinco ou seis cubos mas não consegue dispô-los numa fila horizontal para construir um muro. Tem também dificuldade em fazer um risco horizontal com um lápis, muito embora copie com maior facilidade um traço vertical. Na esfera do comportamento social revelam-se limitações análogas de desenvolvimento. Tem um forte sentimento do meu, mas um sentimento muito débil do teu. É capaz de juntar, mas não é capaz de repartir. Apesar disso não se devem perder todas as esperanças, pois também é capaz de sorrir a um elogio e de curvar a cabeça a uma censura.

 

O estádio anal, segundo Freud, vai dos dois aos três anos. À medida em que a maturação prossegue o tronco inferior torna-se cada vez mais sensível na região anal e a criança começa a sentir prazer com os movimentos intestinais, tanto em si mesmos como pela eliminação de um desconforto. Mais ou menos ao mesmo tempo em que a sensibilidade anal do bebé aumenta, os seus pais começam a colocar uma grande ênfase sobre o treino de ir à casa de banho e a mostrar prazer quando ele consegue fazê-lo no lugar e horário apropriado. Estas duas forças em conjunto ajudam a mudar o centro principal da energia sexual da zona erógena oral para a anal.

 

Henri Wallon diz que a criança está no estádio sensório-motor e projectivo do primeiro ano até aos três. Inicialmente a actividade da criança recai sobre si mesmo e progressivamente recai sobre os objectos, pessoas, os acontecimentos e as suas interacções. Wallon refere que é nesta idade que nasce a imitação, o simulacro e também o nascimento da representação.

 

2.1.4 - O Desenvolvimento do Bebé dos 24 aos 36 meses

 

Aspecto sócio-afectivo


No segundo ano de vida as crianças começam a descobrir-se umas às outras. Essa relação pode ser baseada na amizade ou na disputa dos brinquedos que cada uma pensa serem somente seus. Nesta altura a criança já deve ter interiorizado o conceito de partilha para evitar uma personalidade egoísta no futuro. As emoções devem ser descritas e explicadas. A tristeza, o medo, a alegria, a irritação são expressões que a criança deve começar a distinguir. As demonstrações já são mais fáceis de serem compreendidas pela criança, pois em principio o seu lar deve ser coberto desta harmonia de afecto e carícias. A idade dos 2/3 anos marca verdadeiramente o início da socialização. A partir dos 2 anos e meio todas as crianças brincam lado a lado com as outras crianças, mas não com elas (jogos paralelos) e muitas vezes têm gestos agressivos para com os outros. Uma boa socialização da criança depende do grau de afecto e segurança que sente na família. A criança que à entrada na creche ou no jardim-de-infância aceita melhor a separação momentânea dos pais é sem dúvida a que com eles mantêm melhor relação. Segura do lugar que ocupa no afecto dos pais adapta-se muito melhor a um ambiente desconhecido, a caras e ritmos novos. Portanto uma grande parte do bom desenvolvimento depende do factor afectivo e o seu crescimento só é satisfatório, mesmo em peso e em altura (aspecto físico) se a criança for amada e estimulada.

 

Aspecto cognitivo


A aquisição da linguagem é um dos aspectos mais importantes no desenvolvimento da criança. Aos 2 anos a criança constrói pequenas frases de duas ou três palavras e utiliza muito poucos pronomes e artigos mas já conhece 100 a 200 palavras. No entanto o vocabulário da criança de 2/3 anos aumenta rapidamente no que diz respeito a nomes e objectos, descrevendo os objectos familiares e identificando-os. Fala sem parar e às vezes faz perguntas. É nesta idade que a criança constrói a sua personalidade, por isso é uma fase em que criança se afirma e diz não a tudo. É a idade das birras e do egocentrismo, tentando impor a sua vontade recusa-se muitas vezes a seguir as indicações e desejos dos pais. A sua vida emocional está cheia de contradições e diferentes estados de humor. Passa da alegria e descontracção à apatia ou desânimos súbitos. Estes humores são expressões dos conflitos internos da criança que se encontra num estádio passageiro. A importância conferida ao desenvolvimento cognitivo fez centrar a atenção na aptidão da criança para generalizar, formular ideias, resolver problemas. O desenvolvimento destas aptidões cognitivas depende intimamente do domínio da linguagem.

 

Aspecto motor


A criança nesta fase tem ainda muitas dificuldades a nível motor, no entanto já possui equilíbrio para se deslocar e movimentar livremente. Sobe para uma cadeira, corre e sobe as escadas agarrada ao corrimão. Consegue brincar numa estrutura simples e puxa brinquedos com rodas e pára para apanhar um brinquedo sem cair. À medida que o equilíbrio da criança aumenta ela deixa de andar “à pato” e consegue falar e transportar coisas enquanto anda. Pode tentar saltar, mas ainda não se afasta do chão. Nesta idade 2/3 a criança ainda tem os movimentos e uma coordenação motora muito descoordenados.

 

2.1.5 -  Hábitos de Higiene e Alimentação (Rotinas)

 

2.1.5.1 Controlo dos esfíncteres

 

O controlo da bexiga e dos esfíncteres varia muito de criança para criança. É errado pensar que existe uma idade própria para esse acontecimento. Esse momento só acontecerá quando o cérebro, nervos e músculos do bebé estiverem suficientemente desenvolvidos. Antes dos 15-18 meses, os nervos e os músculos raramente atingiram este estado de maturidade. Antes desta idade é aconselhável não obrigar a criança a ir para o pote. Se ela não estiver pronta isso só contribuirá para lhe criar sentimentos de recusa.

 

Aos 18 meses a bexiga e os nervos estão suficientemente desenvolvidos para que a criança consiga avisar com mais antecedência sobre a sua vontade, mas não podemos esquecer que poderá ainda não estar no momento certo. Por volta dos 21 meses a criança deverá passar por uma fase de maior frequência de micções. Aos 24 meses já pode ir ao pote sozinho e orgulha-se desse facto. O controlo intestinal é de forma geral mais precoce que o da bexiga, mas o limiar de variabilidade da sua aquisição é mais amplo. Assim, tal como no controlo da urina, o melhor será deixar a criança descobrir o seu próprio ritmo. Só a partir dos 18 meses é que a criança se senta na sanita e começa a mostrar-se desejosa pela limpeza e pela sua independência.

 

2.1.5.2 - A Alimentação

 

A alimentação é uma necessidade básica para qualquer ser humano. No recém-nascido o leite materno é o alimento mais aconselhado, pois além de ser o mais equilibrado em termos nutricionais é também uma fonte de anticorpos, que protegem o bebé das doenças nos primeiros meses de vida.

 

Por volta dos 4 meses o leite deixa de ter exclusividade na alimentação infantil, passando a ser usado apenas numa das refeições. Aos poucos e sem insistir, podemos introduzir outros alimentos na alimentação diária do bebé: 1º o puré de legumes; 2º a fruta; 3º a carne; 4º o peixe; 5º os ovos.

 

Todos os alimentos deverão ser introduzidos com uma ou duas semanas de intervalo para que a criança se habitue ao novo alimento e para que se possam detectar quaisquer alergias. É preciso ter em atenção que os bebés não são todos iguais e que a introdução ou não de determinados alimentos pode variar conforme a sua estrutura e desenvolvimento.

 

Aos 4 meses começam a introduzir-se as papas lácteas sem glúten e os caldinhos de legumes (batata, cenoura e cebola) com carne passada, maçã ou pêra cozidas.

 

Aos 5 meses podemos introduzir novas carnes e novos legumes e aos 6 meses já pode comer papas com glúten, iogurte natural e experimentar novas frutas, excepto os citrinos, morangos e frutos silvestres.

 

Entre os 7 e 9 meses pode introduzir-se o peixe branco e o ovo (apenas a gema). A sopa começa a ser mais granulada e o puré de fruta pode ser substituído por fruta esmagada com um garfo.

 

A partir dos 12 meses a criança passa a adoptar a dieta da família. Já pode beber leite de vaca, comer um ovo inteiro, mas a comida deve ser sempre pouco condimentada.

 

2.2 - O Jardim-de-Infância

 

2.2.1 - Objectivos Gerais para os 3 anos 

 

2.2.1.1 - Identidade e Autonomia Pessoal

 

• Saber adaptar o seu próprio comportamento às necessidades e problemas das outras crianças.

 

• Adquirir hábitos de bem-estar, higiene, segurança pessoal e saúde.

 

• Adquirir e dominar a coordenação e o controle dinâmico geral do próprio corpo (deslocação, marcha, corrida, saltos,...) com o fim de aprender a executar tarefas simples da vida quotidiana, actividades de exercício físico e expressão de sentimentos e emoções.

 

• Identificar os seus próprios sentimentos, desejos e emoções e saber comunicá-los aos outros, assim como aperceber-se e respeitar os das outras pessoas.

 

• Ter uma atitude de respeito em relação às características e qualidades das outras pessoas, sem reacções de humilhação ou discriminação quanto ao sexo ou qualquer outro aspecto que os torne diferentes.

 

• Ter uma imagem correcta e positiva de si mesmo, sabendo identificar as suas próprias características.

 

• Ter capacidade de iniciativa e de planear e realizar tarefas simples, ou problemas da vida quotidiana, procurando nos outros a ajuda necessária.

 

• Saber utilizar a coordenação visual e manual necessárias para manejar e explorar objectos em tarefas relacionadas com actividades do quotidiano e com as diferentes formas de representação gráfica.

 

• Saber utilizar as suas próprias capacidades motoras, sensoriais e de expressão nas diferentes acções da vida quotidiana.

 

2.2.1.2 - Descoberta do Meio Físico e Social

 

• Ter conhecimento das formas mais comuns de organização da vida humana (trabalho), aprendendo a valorizar a sua utilidade, começando progressivamente a tomar parte nelas.

 

• Ter conhecimento das várias formas de comportamento social, e das normas que regem o grupo em que se encontra integrada, de modo a estabelecer facilmente vínculos adequados de relacionamento interpessoal, para além de saber identificar a diversidade de relações que mantém com os outros.

 

• Ter conhecimento e tomar parte em festas, tradições e costumes do meio em que está inserido, tirando, ao mesmo tempo, partido dessa participação.

 

• Saber estabelecer algumas relações entre as características do meio físico e os modos de vida que esse meio proporciona.

 

• Saber identificar as diferentes relações familiares – graus de parentesco.

 

• Mostrar interesse e curiosidade pela compreensão do meio físico e social, quer formulando perguntas, quer procurando interpretar e dando opiniões sobre alguns acontecimentos mais importantes que aí se desenrolam.

 

• Mostrar interesse e curiosidade pelos objectos, desenvolvendo, desta forma, características de espontaneidade e originalidade.

 

• Saber observar as mudanças e as alterações que vão acontecendo em todos os elementos que a rodeiam (pessoas, animais, plantas, objectos), conseguindo identificar alguns factores que neles têm influência (clima, estação do ano, alimentação, intervenção do homem).

 

• Saber observar e explorar o meio físico e social que o envolve, sendo capaz de estabelecer relações entre a sua própria acção neste mesmo meio e as consequências que daí advêm.

 

• Ter capacidade de orientação e movimentar-se de forma autónoma nos espaços que lhe são habituais e que frequenta diariamente sabendo utilizar adequadamente as diferentes infra-estruturas à sua disposição (colégio, parque,...)

 

• Participar nos diversos grupos com que se relaciona no decurso das diversas actividades escolares.

 

• Participar nos diversos grupos com que se relaciona, aprendendo progressivamente a ter respeito pelos outros.

 

• Aprender a valorizar a importância da natureza.

 

2.2.1.3 - Comunicação e Expressão

 

    • Ser capaz de compreender as intenções e mensagens que lhe são transmitidas pelas outras crianças e pelos adultos, aprendendo a valorizar a linguagem oral, como forma de comunicação com os outros.

 

    • Ser capaz de compreender e reproduzir alguns textos relacionados com a cultura tradicional, mostrando interesse e tirando partido deles.

 

    • Saber expressar sentimentos, emoções, desejos e ideias através da linguagem oral e escrita.

 

    • Aprender a interessar-se e a apreciar algumas das diversas obras artísticas que lhe são mostradas.

 

    • Aprender a interessar-se e a apreciar os seus próprios trabalhos, os dos companheiros e demais obras que lhe forem mostradas.

 

    • Saber interpretar imagens como forma de comunicação e aprendizagem.

 

    • Saber utilizar as diversas formas de representação (linguagem oral, expressão plástica, dramática, corporal e musical e a linguagem matemática) para expressar situações, acções, desejos e sentimentos, quer sejam do domínio real, quer do imaginário.

 

    • Saber utilizar as diferentes formas de representação e expressão, no sentido de aumentar as suas capacidades de expressão.

 

    • Saber utilizar as possibilidades da forma de representação matemática para conseguir descrever alguns objectos e situações que se desenrolam à sua volta, bem como as respectivas características e propriedades, e tirar partido das suas potencialidades.

 

    • Saber utilizar os símbolos extra-linguísticos para dar significado e reforçar a expressão das suas mensagens.

 

    • Saber utilizar as técnicas e os recursos mais básicos das diversas formas de representação e expressão de forma a aumentar as suas possibilidades comunicativas e expressivas.

 

    • Valorizar a linguagem oral e escrita como forma de relacionamento com os outros.

 

2.2.2 - Objectivos Gerais para os 4 anos

 

2.2.2.1 - Identidade e Autonomia Pessoal

 

• Saber adaptar o seu próprio comportamento às necessidades, pedidos e explicações das outras crianças e dos adultos, evitando atitudes, quer de submissão, quer de domínio sobre os outros, aprendendo, ao mesmo tempo, a desenvolver atitudes de cooperação.

 

• Aperceber-se dos seus próprios sentimentos e necessidades, saber comunicá-los aos outros e saber captar e respeitar os sentimentos e as necessidades dos outros.

 

• Desenvolver atitudes e hábitos de ajuda e colaboração.

 

• Descobrir e utilizar as capacidades motoras, sensoriais e expressivas do seu próprio corpo e saber adoptar a postura corporal adequada às actividades diárias.

 

• Dominar a coordenação e o controle dinâmico do seu próprio corpo com o objectivo de saber manejar e tirar o maior partido dos objectos necessários à execução das tarefas do quotidiano, às actividades de desempenho físico e à expressão de sentimentos e emoções.

 

• Fazer progressos na aquisição de hábitos relacionados com o bem-estar físico, a higiene e a saúde, assim como noutros relacionados com a execução de tarefas várias.

 

• Aprender a ter uma atitude de respeito para com as características dos outros, sem atitudes de humilhação ou discriminação relacionadas com o sexo ou qualquer outro aspecto que os torne diferentes.

 

• Ter uma imagem correcta e positiva de si próprio, saber identificar as suas característicase qualidades pessoais e mostrar um nível aceitável de auto-confiança.

 

• Ter capacidade de iniciativa, de planeamento e de realizar as suas próprias acções, de forma a aceitar as pequenas desilusões e mostrar aptidão para superar dificuldades.

 

• Saber utilizar a coordenação visual e manual e a habilidade manual necessária para manejar e explorar objectos com um grau de precisão cada vez maior, nas tarefas quotidianas e nas que se encontram relacionadas com as diversas formas de representação gráfica.

 

2.2.2.2 - Descoberta do Meio Físico e Social

 

• Ter conhecimento das formas mais habituais de organização da vida humana, valorizando a sua utilidade e aprendendo a participar progressivamente em algumas delas.

 

• Ter conhecimento das normas e formas de comportamento social dos grupos em que se encontra inserida.

 

• Ter conhecimento e participar em festas, tradições e costumes familiares e da comunidade a que pertence.

 

• Conhecer e utilizar as normas e os hábitos de comportamento social dos grupos a que pertence.

 

• Saber identificar as relações familiares: graus de parentesco.

 

• Mostrar interesse e curiosidade pela compreensão do meio físico e social, colocando questões, fazendo interpretações e formulando opiniões próprias sobre alguns acontecimentos que nele se desenrolem.

 

• Saber observar as mudanças e alterações do meio físico e social que o envolve, podendo até conseguir identificar alguns dos factores que o influenciam (clima, fenómenos meteorológicos,...).

 

• Saber observar as mudanças e modificações a que estão submetidos os elementos do seu ambiente familiar e saber identificar alguns dos elementos que os podem influenciar.

 

• Saber observar e explorar o seu envolvimento físico e social, actuando em função da informação recebida, aprendendo a constatar os seus efeitos e a estabelecer relações entre a sua própria actuação e as consequências que daí derivam.

 

• Ter uma actividade autónoma nos espaços que utiliza diariamente.

 

• Participar nos diversos grupos com que se relaciona no decurso das suas actividades habituais, aprendendo a ter sempre os outros em consideração.

 

• Aprender a utilizar adequadamente a terminologia relativa à organização do tempo (hoje, amanhã,...) e do espaço.

 

• Respeitar e aprender a cuidar da natureza, valorizando a sua importância e o seu aporte qualitativo para a vida humana.

 

2.2.2.3 - Comunicação e Expressão

 

    • Ser capaz de compreender as intenções e mensagens que as outras crianças e os adultos lhe transmitem, valorizando a linguagem oral como forma de relacionamento com os outros.

 

    • Ser capaz de compreender e reproduzir textos relacionados com a tradição cultural (adivinhas, canções, ditados e quadras populares, contos, poesias, lenga-lengas, etc. ...), aprendendo a valorizá-los e a interessar-se por eles.

 

    • Ser capaz de compreender, memorizar e reproduzir alguns textos da tradição cultural.

 

    • Ser capaz de exprimir oralmente sentimentos, desejos e ideias.

 

    • Mostrar interesse e apreço pelos trabalhos dos outros e também por algumas obras artísticas que lhe sejam apresentadas.

 

    • Ser capaz de interpretar e reproduzir imagens como forma de comunicação e de prazer, descobrindo e identificando elementos básicos (tamanho, cor, forma,...)

 

    • Saber interpretar, produzir, relacionar e pôr imagens em sequência.

 

    • Saber utilizar diversas formas de representação (linguagem oral, expressão plástica, musical, corporal e linguagem matemática) para exprimir e comunicar situações, desejos, acções ou sentimentos, quer sejam do domínio real, quer do imaginário.

 

    • Saber utilizar as normas que regem o processo linguístico em narrativas, diálogos, conversas, etc. ...

 

    • Saber utilizar as possibilidades de representação matemática com a finalidade de descrever objectos, situações, etc., do meio que o rodeia e saber descrever as suas características e propriedades e algumas acções em que podem ser utilizados, prestando atenção ao processo de utilização e aos resultados obtidos.

 

    • Saber utilizar os símbolos linguísticos para reforçar o significado das mensagens que transmite e conseguir atribuir um sentido adequado àquelas que recebe.

 

    • Saber utilizar as mais variadas formas de representação (plástica, musical,...) no sentido de aumentar as suas capacidades de expressão.

 

 2.2.3. - Objectivos Gerais para os 5 anos

 

2.2.3.1 - Identidade e Autonomia Pessoal

 

• Saber adaptar o seu comportamento às necessidades, perguntas, pedidos e explicações das outras crianças e dos adultos. Ter influência no comportamento dos outros, evitando adoptar atitudes de submissão ou de domínio e desenvolvendo atitudes de ajuda, colaboração e cooperação.

 

• Adquirir a coordenação e o controle dinâmico do próprio corpo para executar tarefas relacionadas com as diferentes formas de representação gráfica.

 

• Adquirir a coordenação e o controle dinâmico geral do próprio corpo com o fim de executar tarefas do quotidiano e actividades lúdicas. Aprender igualmente a exprimir sentimentos e emoções.

 

• Saber aplicar a coordenação visual-motora e a destreza manual necessárias para manusear e tirar partido de objectos com um grau de precisão cada vez maior, com vista à realização de actividades da vida quotidiana e de tarefas relacionadas com as várias formas de representação gráfica.

 

• Descobrir e utilizar as suas capacidades motoras, sensoriais e expressivas, adequando-as às diversas actividades que leva a cabo diariamente.

 

• Aprender a identificar os seus sentimentos, desejos e emoções e saber comunicá-los, assim como a aperceber-se e a respeitar os dos outros.

 

• Aprender a identificar progressivamente as suas capacidades e limitações, valorizá-las adequadamente e actuar em sintonia com as mesmas.

 

• Progredir na aquisição de hábitos e atitudes relacionadas com o bem-estar, a segurança pessoal, a higiene e a prevenção da saúde.

 

• Ter iniciativa em relação a resolver tarefas fáceis e ter uma atitude em que vai valorizá-las e ao mesmo tempo a reconhecer as suas limitações, actuando de acordo com elas.

 

• Tomar a iniciativa, planear e desenvolver acções no sentido de desempenhar tarefas fáceis ou problemas da vida diária. Aceitar as pequenas frustrações, ter uma atitude que lhe permita superar as dificuldades com que se depara, procurando nos outros a colaboração necessária.

 

• Ter uma imagem ajustada e positiva de si mesmo, identificando as suas características e qualidades pessoais, valorizando as suas possibilidades e limitações para actuar de acordo com elas.

 

• Tomar a iniciativa, planificar e sequenciar a própria acção para resolver tarefas derivadas de problemas da vida quotidiana. Aceitar as pequenas frustrações e manifestar uma atitude que tenda a superar as dificuldades que se apresentam, indo buscar aos outros a colaboração necessária.

 

2.2.3.2 - Descoberta do Meio Físico e Social

 

• Conhecer as formas mais comuns de organização da vida humana, aprendendo a valorizar a sua utilidade e começando progressivamente a tomar parte nelas.

 

• Conhecer as várias formas de comportamento social dos grupos em que se encontra inserida e aprender a estabelecer vínculos de relacionamento interpessoal.

 

• Identificar as diversas relações que estabelece com os outros.

 

• Conhecer e participar em festas, tradições e costumes relacionados com o meio em que vive, aprendendo a valorizá-los como manifestações culturais.

 

• Estabelecer relações entre as características do meio físico e as formas de vida que nele se desenvolvem.

 

• Mostrar interesse e curiosidade pela compreensão do meio físico e social.

 

• Saber formular perguntas, interpretações e opiniões sobre alguns acontecimentos relevantes que se produzem no meio físico e social, desenvolvendo a sua espontaneidade e originalidade.

 

• Observar as mudanças e alterações a que estão submetidos os elementos do meio envolvente.

 

• Saber identificar factores que influem sobre os elementos do meio envolvente.

 

• Observar e explorar o meio físico e social envolvente, mostrando interesse e curiosidade.

 

• Observar e explorar o meio físico e social envolvente.

 

• Saber planear e ordenar as suas actividades em função da informação recebida e constatar os seus efeitos.

 

• Aprender a estabelecer relações entre a própria actuação e as consequências que dela derivam.

 

• Orientar-se e actuar autonomamente nos espaços quotidianos em que se movimenta (casa, colégio, etc.)

 

• Utilizar adequadamente as técnicas básicas relativas à organização do tempo e do espaço, em relação às suas vivências periódicas e habituais.

 

• Participar nos diversos grupos com os quais se relaciona, no decurso das suas actividades, tomando gradualmente em consideração as pessoas que a rodeiam.

 

• Valorizar a natureza e a sua importância para a humanidade.

 

• Aprender a ter atitudes de respeito e cuidado em relação ao meio ambiente e intervir neste sentido, na medida das suas possibilidades.

 

2.2.3.3 - Comunicação e Expressão

 

• Saber utilizar as diversas formas de expressão e representação para evocar situações, acções, desejos e sentimentos, tanto de tipo real como imaginário.

 

• Ter capacidade para compreender, reproduzir e recriar alguns textos da tradição cultural.

 

• Saber valorizar, apreciar e mostrar interesse em relação a textos da tradição cultural.

 

• Saber utilizar a linguagem oral para exprimir sentimentos, desejos e ideias, conseguindo adaptar-se progressivamente aos diferentes contextos e situações de comunicação que acontecem habitualmente. Conseguir também adaptar-se aos diferentes interlocutores com os quais pode estabelecer o mesmo tipo de contactos.

 

• Aprender a ler, interpretar e produzir imagens como forma de comunicação de desejos, de emoções, de informações e de prazer.

 

• Descobrir e identificar os elementos básicos da língua materna.

 

• Utilizar as diferentes possibilidades de representação matemática para descrever alguns objectos e situações do meio envolvente, as suas características, propriedades e algumas actividades que se podem realizar a partir deles, prestando atenção, tanto ao processo utilizado como aos resultados obtidos.

 

• Utilizar as técnicas e os recursos básicos das diferentes formas de representação e expressão com o objectivo de aumentar as suas capacidades comunicativas.

 

• Aprender a interessar-se pela linguagem escrita.

 

• Dar valor à linguagem escrita como instrumento de informação e prazer e também como meio de comunicar sentimentos, pensamentos, desejos, emoções e informações.

 

• Aprender a utilizar as regras que regem as trocas linguísticas e os sinais meta linguísticos nas diferentes situações de comunicação para reforçar o significado das suas mensagens e atribuir um correcto significado àquelas que recebe.

 

• Ser capaz de compreender as intenções e as mensagens que as outras crianças e os adultos lhe comunicam.

 

• Valorizar a linguagem oral como meio privilegiado de comunicação.

 

• Aprender a interessar-se e a apreciar os seus trabalhos e os dos colegas, bem como algumas obras figurativas e artísticas que sejam submetidas à sua observação.

 

• Atribuir progressivamente um significado adequado ás obras figurativas e artísticas alheias, a fim de ir compreendendo o meio cultural em que se insere.

 


Capítulo III

 

 

3 – Metodologia e Estratégias

 

3.1 - Metodologia de Abordagem de Projecto

 

A metodologia utilizada é a Abordagem de Projecto. Esta metodologia permite um estudo pormenorizado sobre determinada temática, centrado nos interesses da criança, pois a acção da criança é elemento central e mais importante. Será esta acção que contribuirá para facilitar, ou permitir, construir o seu conhecimento em relação ao mundo.

 

O uso desta metodologia dá oportunidade à criança para questionar, investigar, solucionar e aumentar o seu conhecimento em relação a fenómenos ou acontecimentos que para si são relevantes e significativos. A metodologia de trabalho de projecto permite também uma inter-disciplinariedade entre todas as áreas e domínios de conteúdo. Com esta metodologia o trabalho com o grupo de crianças é estruturado em diferentes fases:

 

1 - Definição ou abordagem da temática com o grupo de crianças

 

2 – Planificação das actividades a implementar com o grupo de crianças

 

3 – Execução das actividades com o grupo de crianças

 

4 – Avaliação – é realizada no final do projecto e as próprias crianças avaliarão todo o processo na conclusão do mesmo.

 

5 - Divulgação do projecto é feita durante o seu desenvolvimento, mas deve planificada uma apresentação de divulgação para os pais e comunidade envolvente e escolas vizinhas.

 

Os adultos responsáveis pelo grupo deverão ficar atentos às crianças observando-as e escutando-as para identificar a situação problema, o assunto que despertou interesse ou que merece ser aprofundado. Será muito útil o registo das falas das crianças na forma de “tempestade de ideias”, não fechando a rede para propiciar as articulações necessárias com outros factos. O papel do adulto é fulcral no acompanhamento que faz dos acontecimentos, seleccionando os factos, ampliando-os, associando-os a outros e comunicando com o grupo de crianças.

 

O processo de planeamento é fundamental para que as crianças realizem a plena vivência de cada momento do projecto. Devem ser porém considerados alguns critérios para o planeamento de projectos, como:

 

. as actividades que as crianças podem realizar;

. a aplicação das suas capacidades;

. a disponibilidade de recursos;

. o interesse do adulto;

. o momento do ano lectivo que o projecto surge.

 

Durante o desenvolvimento do projecto ou projectos, as novas tecnologias e os meios audiovisuais e software didáctico são utilizados como instrumentos de ensino e aprendizagem de excelência, com os quais as crianças aprendem brincando.

 

De forma permanentemente é também disponibilizado um acompanhamento técnico do percurso e desenvolvimento da criança, tendo em conta os seus resultados escolares e bem-estar psicológico, criando assim um espaço de articulação e comunicação contínua entre a instituição e a família, ambos agentes educativos.

 


Capítulo IV

 


4 – Plano Anual de Actividades

 

 

Mês

 

Actividades

 

Conteúdos

 

Observações

 

 

 

Setembro

Organização das salas e materiais mediante as idades, interesses e necessidades de cada grupo de crianças inscritas

Reunião de pais

Áreas, regras gerais e específicas, material e denominação.

 

Execução de Placards (aniversário, responsabilidades, etc.).

Adaptação das crianças e dos educadores ao espaço e materiais da instituição;

Elaboração dos planos de actividade anuais para cada faixa etária

 

 

Outubro

Introdução e exploração da Temática “AMIZADE” através do “CD2 Morangui®”

 

O que é um amigo – quem são os meus amigos?

O que é um amigo?

Quem são os meus amigos?

Conhecimento do “eu” na estrutura social

 

Introdução dos suportes didácticos do Grupo Morangos®: LIVRO e CD II Morangui® “A Amizade”

 

 

Novembro

Lenda de S. Martinho

Dramatização da Lenda de S. Martinho pelas Crianças

Festa e convívio de S. Martinho com os pais, amigos e familiares das crianças

 

Conhecimento da lenda de s. Martinho.

 

Inserir os amigos nas vivências da instituição

Celebração do Magusto no espaço exterior com os grupos de crianças, adultos, familiares e amigos ligados à instituição

 

 

 

Dezembro

Ida ao Circo

Decoração da instituição e Árvore de Natal

Elaboração do Presépio

Festa de Natal.

Características gerais da época e sua simbologia (decoração, culinária, etc.)

 

O sentido de partilha e solidariedade e amizade nesta época natalícia

 

 

Janeiro

Elaboração de instrumentos de música simples com a ajuda dos pais

Cantar as janeiras nas salas da instituição, pela vizinhança e junto de amigos

 

 

Vivência das tradições culturais

 

 

 

Exploração dos suportes didácticos do Grupo Morangos®: LIVRO e CD II Morangui® “A Amizade”

 

Fevereiro

 

Execução de fantasias e máscaras com a colaboração dos pais

 

Desfile/Corso carnavalesco

Exploração do Carnaval e suas características simbólicas

Exploração dos momentos partilhados/fotografados com os Amigos

 

 

 

Março

Execução de uma prenda para o Pai.

 

Festa do dia do Pai

 

Comemoração do dia Mundial da Árvore.

O Pai como o melhor amigo – exploração da temática

 

Apresentação/exposição dos trabalhos realizados pelas crianças sobre a Amizade até aqui

 

 

 

Abril

Comemoração da Primavera

Palestra sobre o Ambiente aberta aos pais e à comunidade

Sensibilizar a família para os eventos da instituição

 

 

 

Maio

Execução de uma prenda para a Mãe.

Festa do dia da Mãe

A mãe como a melhor amiga – exploração da temática Amizade

 

 

 

Junho

Festa surpresa para as crianças – Dia Mundial da Criança

Introdução do “Jogo dos Direitos da Criança”

Comemoração do dia da Criança

Exploração lúdica dos direitos da criança – o direito a ter amigos

 

 

 

Julho

Dia Internacional Amizade – 20 Julho

 

Festa de Finalistas

 

Manhãs de praia

 

Reunião de pais

 

Celebração do Dia internacional da Amizade

 

Conhecimento de espaços diferentes (culturais, desportivos, lúdicos, pedagógicos, etc.).

Saídas efectuadas mediante a estruturação a apresentar pela Unidade Morangos®

 

 

 

Capítulo V

 

 

5 – Recursos Materiais

 

5.1 - De Utilização

 

. Material diverso de mobiliário e equipamento administrativo; Manuais técnicos e didácticos;

 

. Audiovisuais (televisão, vídeo, leitor de CD, câmara de filmar, máquina fotográfica, projector de slides, retroprojector);

 

. Suportes didácticos produzidos pelo Grupo Morangos®:

 

. Compact Disc: Morangui® I “A Família” e Morangui® II “A Amizade” – inclui conteúdos áudio com 5 músicas originais e conteúdos multimédia com jogos, karaoke, biblioteca e actividades de expressão plástica;

 

. Livro I “Sonho na Terra dos Morangos®” de (A. Honrado e A. Albuquerque, 2006) – inclui uma ficha com sugestões de actividades para os educadores, complementada com as canções do CD Morangui® I e com as actividades propostas pela Revista Morangui®, de tiragem trimestral

 

. Livro II “À Pesca de Histórias na Terra dos Morangos®” (A. Honrado e A. Albuquerque, 2006) – inclui uma ficha com sugestões de actividades para os educadores, complementada com as canções do CD Morangui® II e com as actividades propostas pela Revista Morangui®, de tiragem trimestral;

 

. Vestuário de adultos e de crianças e diverso material indispensável ao cuidado, higiene e sono das crianças, exclusivos da marca Morangos.

 

5.2 – De Desgaste

 

Material diverso de expressão plástica (papéis variados na qualidade, textura, forma e cor; leque de materiais de pintura como tintas adequadas, lápis de cor, marcadores de água, etc.; materiais de modelagem como plasticina, barro, gesso, etc.)

 

Diverso material de desperdício para reutilização (caixas, cartões latas, etc.).

 

 

Capítulo VI

 

 

6 - Avaliação / Reformulação da Acção

 

O Projecto pedagógico é o guia das actividades lectivas e deverá promover uma aprendizagem globalizante e articulada, adequando as estratégias às características da criança ou grupo de crianças e explorando as suas motivações e interesses.

 

Caberá ao adulto educador, em articulação com os membros da equipa educativa, observar “intensamente” a criança nas suas acções singulares e na sua evolução, como fundamento da diferenciação pedagógica no contexto educativo. Conhecer a criança e a sua família na sua singularidade permitirá obter a base do planeamento do trabalho e da avaliação da criança.

 

O planeamento do trabalho educativo implica que o educador reflicta sobre as suas intenções educativas e as formas de as adequar ao grupo de crianças, igualdade de oportunidades, organizando os recursos humanos e materiais necessários à sua concretização.

 

A concretização das intenções educativas na acção implica que o educador as adapte às propostas das crianças, tirando partido de situações e oportunidades imprevistas. A participação de outros adultos – técnicas, pais, outros membros da comunidade – é extremamente importante como forma de alargar as interacções das crianças e enriquecer o processo educativo.

 

A avaliação do processo e efeitos, implica tomar consciência da acção para adequar ao processo educativo às necessidades das crianças, do grupo e à sua evolução.

 

A avaliação realizada com as crianças é uma actividade educativa, constituindo também a base de avaliação para o educador. A sua reflexão, a partir dos efeitos que vai observando, possibilita-lhe estabelecer a progressão das aprendizagens a desenvolver com cada criança. Neste sentido a avaliação é suporte do planeamento.

 

A comunicação e a partilha das informações e conhecimentos adquiridos sobre cada criança e o modo como esta evolui, enriquece o processo educativo pelo envolvimento com os adultos responsáveis pela educação da criança: colegas, auxiliares, pais e familiares.

 

A articulação entre os ciclos de escolaridade, no sentido de proporcionar as condições para que ela se efective, é também função da equipe educativa. A transição da creche para o Jardim-de-Infância e depois para a escolaridade obrigatória em conjunto com a relação estabelecida com as famílias das crianças, são condições de promoção da continuidade educativa e de sucesso nas aprendizagens futuras do percurso escolar de cada criança.

 

Considerada a avaliação como uma parte fundamental do processo educativo que deve referir-se, não apenas aos resultados alcançados, mas também ao próprio processo, com a finalidade de orientar de forma contínua, tanto o conjunto de crianças, como o corpo docente.

 

A avaliação das crianças deve reflectir como e quando se produzem os processos de desenvolvimento e aprendizagem e, para isso, tem de fazer parte do próprio processo educativo. Além de contínua e individualizada, tem de ser global: valorizar cada um na sua totalidade e não nas aprendizagens parciais e prolongar-se ao longo de todo o processo educativo.

 

Por isso, a avaliação do processo de ensino e aprendizagem será global, contínua e formativa. A avaliação inicial terá em conta as características do meio em que a criança vive e partirá da avaliação recolhida anteriormente. A avaliação formativa permitirá ao educador indagar que alterações se verificam como resultado das diferentes intervenções ou que objectivos convenham propor continuar. O educador avaliará também o seu próprio projecto de trabalho, tornando possível uma leitura adequada da sua adaptação e desempenho.

 

Sem esquecer a incidência dos factores mencionados anteriormente, uma avaliação nesta fase deveria ter, entre outras, as seguintes características:

 

Objectiva e fiável, isto é, que possa voltar a ser aplicada;

 

Flexível, que sem perder o seu grau de generalização, respeite o mais possível, as características particulares de cada indivíduo;

 

Prática, utilizando a metodologia mais fácil possível, que permita recolher o maior número possível de informações;

 

Natural e espontânea, sem introduzir alterações, assente numa opinião bem definida do educador, sem influências nem hesitações e pondo de lado os resultados duvidosos: quer sejam bons ou maus.

Criar uma Loja online Grátis  -  Criar um Site Grátis Fantástico  -  Criar uma Loja Virtual Grátis  -  Criar um Site Grátis Profissional